O vereador Dean Guimarães (PSD), que está sob investigação da Polícia Federal por suspeita de captação ilícita de votos nas eleições de 2024, passou a ser alvo de críticas dentro da própria Câmara Municipal de Marabá. Além das acusações eleitorais, ele vem sendo apontado por interlocutores políticos por tentar atrair lideranças comunitárias vinculadas à base de apoio do vereador Aerton Grande (União Brasil), principalmente no Complexo São Félix.
Na sessão ordinária da última terça-feira (21), Dean utilizou a tribuna para negar que possa ser cassado, após a repercussão de informações que circulam em redes sociais. Durante o discurso, afirmou que acionará judicialmente quem o acusa de ser o próximo a perder o mandato, depois das cassações dos vereadores Miterran Feitosa e Orlando Elias, determinadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PA).
Apesar da manifestação pública, o vereador enfrenta um inquérito em curso na 100ª Zona Eleitoral de Marabá, sob apuração da Polícia Federal e do Ministério Público Eleitoral. A investigação teve início a partir de uma denúncia encaminhada em maio de 2025 à promotora Jane Cleide Silva Souza, da 23ª Zona Eleitoral, apontando possíveis práticas de compra de votos, promessas de emprego na Prefeitura, doação de materiais de construção, uso irregular de máquinas públicas e boca de urna.
O material apresentado à Justiça inclui listas com nomes e dados de eleitores, imagens de santinhos e cédulas de dinheiro, além de registros de conversas via WhatsApp que teriam sido formalizadas em ata notarial. Em junho de 2025, o delegado da Polícia Federal Ruan de Souza Guimarães deu prosseguimento às diligências, ouvindo testemunhas e requisitando novos documentos.
Segundo informações disponíveis na plataforma de consulta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o juiz Jessinei Gonçalves de Souza, responsável pela 100ª Zona Eleitoral, deferiu pedido do Ministério Público para prorrogar as investigações por mais 90 dias. Após esse prazo, o órgão ministerial decidirá se oferece denúncia, se arquiva o caso ou se solicita novas apurações.
Paralelamente ao inquérito, nos bastidores políticos da Câmara, Dean Guimarães vem sendo acusado por aliados de Aerton Grande de tentar cooptar lideranças comunitárias tradicionais do Complexo São Félix, área onde o colega mantém forte atuação política. As articulações estariam ocorrendo desde o segundo semestre, com o objetivo de ampliar a influência de Dean nas comunidades e redes de apoio do bairro.
Fontes ouvidas pela reportagem relataram que o movimento tem causado tensão na base política de Aerton, que historicamente mantém interlocução direta com lideranças locais em pautas de infraestrutura e políticas sociais. Nos últimos meses, essas mesmas lideranças teriam sido procuradas por assessores e apoiadores ligados ao gabinete de Dean, em uma tentativa de aproximação política.
Enquanto o inquérito federal avança, o cenário político na Câmara de Marabá permanece em disputa. Caso o Ministério Público Eleitoral ofereça denúncia e o caso avance à fase judicial, Dean poderá responder a ação penal eleitoral com possibilidade de perda de mandato, conforme o Artigo 299 do Código Eleitoral, que tipifica a compra de votos como crime punível com detenção de seis meses a dois anos e multa.
Até o momento, o vereador não se pronunciou sobre as acusações de cooptação de lideranças comunitárias nem sobre o andamento da investigação na Justiça Eleitoral.