O vereador Aerton Grande usou a tribuna da Câmara Municipal de Marabá, nesta semana, para denunciar publicamente o ouvidor-geral do município, Cristino Carreiro, por suposto uso político de obras públicas no núcleo Morada Nova. Segundo o parlamentar, Carreiro estaria se apresentando à comunidade como responsável direto por benfeitorias executadas pela Prefeitura, utilizando informações privilegiadas para ganhar visibilidade política.

De acordo com Aerton, Cristino tem frequentado o bairro durante o horário de expediente, anunciando que as obras estariam sendo levadas por sua atuação pessoal. O vereador ressaltou que raramente faz uso da tribuna, mas considerou necessário tornar o caso público em razão da gravidade dos fatos, que, segundo ele, envolvem a tentativa de apropriação indevida de ações públicas financiadas com recursos do contribuinte.
A denúncia também aponta que Cristino estaria se promovendo inclusive com obras viabilizadas por emendas parlamentares. Segundo o vereador, essas condutas distorcem a origem dos investimentos e buscam associar indevidamente os benefícios a um agente político que não possui sequer atribuição para executar ou direcionar políticas públicas.
A prática de Cristino, além de imoral, fere de morte o princípio da impessoalidade da administração pública e pode configurar abuso de poder político, além de possível ato de improbidade administrativa.
Laranjal imoral
Durante o período em que Toni Cunha foi deputado estadual, Cristino Carreiro teria estruturado um esquema de favorecimento envolvendo diversos membros de sua família. Informações levantadas por portais e blogues apontam que, à época, sua mãe — vendedora de cheiro-verde em Morada Nova — e outros parentes foram nomeados em cargos comissionados no gabinete do então deputado, recebendo salários que, somados, chegavam a R$ 30 mil mensais. No entanto, esses servidores não eram vistos desempenhando funções na Alepa, levantando suspeitas de que atuavam como funcionários fantasmas.
O episódio ficou conhecido como o “laranjal de Cristino”, expressão usada para se referir ao suposto uso de parentes como laranjas para beneficiar-se financeiramente de cargos públicos. A prática teria se mantido por um longo período, sem fiscalização efetiva, e é constantemente citada como um dos casos emblemáticos de uso indevido da máquina pública por interesses pessoais. A permanência de Cristino na estrutura da Prefeitura de Marabá, agora como ouvidor-geral, é vista como desdobramento desse histórico, reforçando críticas sobre a ocupação de cargos comissionados por critérios políticos, e não técnicos.