O arquivamento do processo que investigava o prefeito de Marabá, Toni Cunha Sá (PL), na Câmara Municipal, abriu caminho para a nomeação de vereadores agora aliados em cargos estratégicos da administração. A movimentação política expõe a troca de favores entre Executivo e Legislativo, prática que compromete a independência dos poderes e coloca em xeque o sistema democrático.
As mudanças envolvem as secretarias de Indústria, Comércio e Mineração (Sicom) e de Turismo (Semtur), antes sob comando do vice-prefeito João Tatagiba (Podemos), que rompeu politicamente com Toni Cunha e pediu exoneração das pastas. Agora, ambas devem ser entregues a indicados do vereador Jimmyson Pacheco (PL), presidente da Comissão Processante que arquivou cinco denúncias contra o prefeito.
Fontes apontam que o apoio de Pacheco ao arquivamento do processo teria sido condicionado ao controle dessas secretarias, incluindo a possibilidade de indicar servidores em cargos de confiança. A medida já começou a ser implementada com a exoneração de todos os contratados durante a gestão de Tatagiba.
Outro caso é o da vereadora Maiana Stringari (PDT), relatora do processo. Seu pai, o ex-vereador Alecio Stringari, deve assumir a Secretaria Municipal de Agricultura (Seagri), abrindo espaço para a consolidação de um grupo político dentro da gestão de Toni Cunha. A pasta é considerada estratégica pela ligação com a zona rural.
Já o vereador Pedro Corrêa Lima (PRD), também integrante da Comissão Processante, foi cotado para comandar o Serviço de Saneamento Ambiental de Marabá (SSAM). Caso aceite, poderá deixar a cadeira no Legislativo, dando lugar ao primeiro suplente de sua legenda, Davi do Vale (PRD).
A articulação política fragiliza a transparência e a autonomia da Câmara Municipal, que deveria exercer fiscalização independente sobre o Executivo. Caberá ao Ministério Público avaliar se houve violação de princípios constitucionais e possível utilização de cargos públicos como moeda de troca.
Até o momento, a Prefeitura de Marabá não se pronunciou sobre os acordos que circulam nos bastidores.