Há meses, o município de Marabá acompanha a postura do prefeito Toni Cunha, que em seu gabinete se autoproclama o “Prefeito Muralha”, reforçando a imagem de que ninguém pode derrubá-lo. Mas, enquanto o discurso é de força e blindagem política, a realidade vivida pela população é de frustração e descaso.
Quase dez meses de gestão se passaram, prestes a completar um ano, e o que a sociedade percebe é um governo sustentado por familiares em postos estratégicos da Prefeitura, usados como olheiros e influenciadores de decisões. A concentração de poder em um círculo restrito vem sendo alvo de críticas desde os primeiros meses.
Mais grave ainda é a tentativa do prefeito de avançar sobre regras já consolidadas pela Constituição Federal, ferindo diretamente o artigo 29, inciso IX, e o artigo 79, que determinam a substituição automática do prefeito pelo vice em caso de ausência ou impedimento. Ao agir contra esse direito constitucional, Toni Cunha incorre em crime de responsabilidade, configurando um atentado contra a ordem política e administrativa.
Enquanto a briga pelo poder se intensifica, quem sofre é a população. A cidade de Marabá segue sem avanços significativos na saúde pública e no transporte coletivo, áreas que deveriam ter sido prioridade já no primeiro dia de gestão. O cenário é de desespero de quem depende do SUS e da mobilidade urbana, mas encontra promessas não cumpridas.
O contraste fica ainda mais evidente quando se observa que municípios vizinhos, com arrecadação bem menor, mas que contam com articulação junto ao governo federal e ao governo do Estado, já conseguiram avançar em serviços essenciais. Marabá, em contrapartida, parece parada no tempo.
O que a população vê pelas ruas, em vez de obras e serviços, é uma cidade coberta de tinta verde e amarela, cores do partido do prefeito, usadas como marca da gestão. A impressão que se passa é de que a cidade se prepara para a Copa do Mundo mas não se trata de futebol, e sim de propaganda política disfarçada de urbanismo.
Enquanto isso, a pergunta que ecoa em Marabá é uma só: até quando a população terá que esperar por mudanças reais?