A base do prefeito Toni Cunha na Câmara Municipal de Marabá entrou em colapso e já não há mais sustentação política no Legislativo. Dos 21 parlamentares, 16 agora se posicionam como independentes ou opositores à gestão, número que supera com folga os 14 votos necessários para cassar o mandato do prefeito. A possibilidade de cassação, antes distante, entrou de vez no radar da política local.

Durante a Audiência Pública da Educação, realizada nesta quinta-feira (8), o descontentamento com o governo veio à tona com discursos de forte crítica feitos por três vereadores que já estiveram na base do prefeito: Fernando Henrique (PL), Pacheco (PL) e Priscila Veloso (PSD).
O pronunciamento mais contundente foi o do vereador Fernando Henrique, o mais votado na última eleição. Em tom de ruptura, ele disse sentir arrependimento por ter apoiado Toni Cunha desde a campanha para deputado estadual. “Se pudesse voltar atrás, jamais faria parte desse governo”, afirmou. O parlamentar citou promessas não cumpridas, críticas ignoradas e um pedido recente negado pela prefeitura por causa de sua postura crítica. “Tenho me decepcionado muito com essa gestão. Não posso me curvar. O prefeito toma a decisão que quiser, mas minha posição é estar ao lado do povo.”
Pacheco também fez críticas diretas ao prefeito e cobrou coerência entre discurso de campanha e prática de governo. “Se prometeu em campanha, tem que cumprir”, declarou. Embora tenha adotado um tom mais comedido que o de Fernando Henrique, seu posicionamento deixa claro o distanciamento da gestão. A avaliação de bastidores, e reverberada em sites e blogs da cidade, é de que a gestão Toni Cunha se transformou no maior estelionato eleitoral da história de Marabá – uma leitura que já circula dentro e fora do plenário.
A vereadora Priscila Veloso reforçou o coro de insatisfação, posicionando-se ao lado dos educadores e contra os rumos adotados pelo governo. “Contem comigo. Estou no segundo mandato e aprendi a lição [fazendo referência ao episódio do PCCR em 2017, quando votou contra os professores durante a gestão Tião Miranda]. Só preciso da aprovação das pessoas que gostam de mim”, declarou, indicando que o vínculo político com o prefeito anda fragilizado.
A ausência de Toni Cunha na audiência foi duramente criticada pelos vereadores e interpretada como um ato de desprezo à Câmara e à população. O clima, agora, é de ruptura total entre o Executivo e a maioria do Legislativo.
Com 16 vereadores já afastados da base e o clima de insatisfação generalizado, a articulação para abertura de um processo de cassação do prefeito é cada vez mais concreta. A crise política instalada na gestão Toni Cunha parece ter atingido um ponto sem retorno — e a instabilidade se aprofunda dia após dia no cenário político de Marabá. A ver as cenas do próximo capítulo da política marabaense.