A ganância da vereadora Priscila Veloso e de sua família pelo dinheiro público: um histórico de vantagens pessoais

3 jun

Em tempos de descrédito generalizado na política, alguns exemplos locais ajudam a explicar por que tanta gente desacredita na honestidade dos representantes eleitos. Em Marabá, o nome da vereadora Priscila Veloso (PSD) voltou ao centro das atenções — e não é por trabalho legislativo exemplar, mas pela reincidência em escândalos envolvendo favorecimento de familiares com recursos públicos.

Recentemente, o Portal Curupira Marabá revelou que o filho da vereadora, Paulo Ricardo Veloso da Silva, de 20 anos, passou a constar como servidor ativo da Prefeitura de Marabá, com salário de R$ 1.800, exercendo a função de agente de conservação, eufemismo administrativo para o cargo de gari. A informação está no Portal da Transparência da prefeitura, na folha de pagamento de abril de 2025, vinculada ao Serviço de Saneamento Ambiental.

A dúvida que paira no ar é direta: em qual praça, rua ou espaço público o jovem Paulo Ricardo está realmente prestando esse serviço? A ausência de relatos, fotos ou qualquer sinal de atuação dele nas rotinas de limpeza urbana do município levanta suspeitas legítimas sobre o real cumprimento da função. A coincidência do sobrenome, o histórico de favorecimentos e a idade do jovem apenas acentuam as desconfianças.

E não é a primeira vez que a vereadora usa a estrutura pública em benefício do filho. Em 2024, ao se afastar da Secretaria Adjunta de Assistência Social para disputar a reeleição como vereadora, Priscila deixou Paulo Ricardo nomeado como diretor técnico na pasta, mesmo sem qualquer qualificação para a função, evidenciando o uso político do cargo público como moeda de troca dentro da própria casa.

Mas o histórico de favorecimento familiar da parlamentar remonta ainda mais longe. Em 2017, a vereadora foi protagonista de uma tentativa de beneficiar a ONG IJURC (Instituto da Juventude da Região do Carajás), presidida na época por seu marido, Ricardo Ferreira da Silva, com a liberação de R$ 45 mil de recursos do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA). A manobra foi barrada pela Procuradoria Geral do Município (Progem), que considerou o processo viciado e ilegal por envolvimento direto de parentes de vereador.

Insatisfeita, Priscila pressionou o CMDCA e tentou politicamente derrubar o parecer jurídico da Procuradoria, numa tentativa escancarada de manipular o sistema em benefício próprio. Mesmo com a tentativa de camuflar a manobra ao substituir o nome do presidente da ONG, o parecer foi mantido, e a transferência do recurso foi suspensa. A Promotoria de Justiça, inclusive, acompanhou o caso e chegou a cogitar medidas judiciais.

A história da vereadora Priscila Veloso parece desenhar o perfil de uma representante mais preocupada em garantir benesses à própria família do que servir ao interesse público. E, diante da atual conjuntura, em que a vereadora é a única mulher a compor a base de apoio ao prefeito Toni Cunha (PL) — político que já foi acusado nacionalmente por falas machistas —, a relação política parece selada não por princípios ideológicos, mas por conveniência e trocas de favores.

A parlamentar, seu filho e seu esposo foram procurados para comentar os fatos, mas não se manifestaram. O Portal Curupira permanece à disposição para publicar esclarecimentos ou contrapontos de qualquer uma das partes envolvidas.

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