O prefeito de Marabá, Toni Cunha (PL), publicou nesta quarta-feira (3) uma série de manifestações em suas redes sociais que desconsideram a atuação da promotora de Justiça Aline Tavares Moreira, titular da 11ª Promotoria de Justiça de Defesa da Probidade Administrativa e Tutela das Fundações e Entidades de Interesse Social. As declarações foram feitas após a promotora solicitar informações à Câmara Municipal de Marabá (CMM) sobre denúncias envolvendo corrupção, improbidade administrativa, fraude à licitação e quebra de decoro contra o prefeito. As denúncias haviam sido arquivadas pelo Legislativo local, após negociações que envolveram cargos e secretarias entre vereadores e o Executivo.

Em seu texto, Toni Cunha buscou minimizar a atuação do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), descrevendo de forma velada a diligência da promotora como algo tardio e questionando a motivação da investigação. Ele mencionou que o caso receberia acompanhamento de órgãos como o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, sugerindo que medidas adicionais seriam tomadas para garantir “isenção” no procedimento. A manifestação, publicada em tom ostensivamente desdenhoso, evidencia uma apreensão clara do prefeito diante do que pode ser apurado sobre sua gestão.
Analistas políticos e especialistas em direito público consultados pela reportagem do Portal Curupira Marabá observam que a postura de Toni Cunha expõe um receio em relação às investigações do MPPA, que possui competência legal para apurar irregularidades na administração municipal. A promotora Aline Moreira deu início ao procedimento de requisição de informações após denúncias apresentadas por uma cidadã marabaense. O fato de o prefeito ter reagido publicamente, criticando veladamente a atuação da promotora, é interpretado como indicativo de preocupação com a possibilidade de responsabilização civil e criminal.
O episódio ocorre em um contexto em que a Câmara Municipal de Marabá arquivou as denúncias originais, que apontavam supostas irregularidades cometidas por Toni Cunha. A reação do prefeito revela uma tentativa de influenciar a percepção pública sobre a investigação e sugere que ele percebe o risco de que o MPPA, com sua autonomia e respaldo legal, possa identificar elementos que reforcem a necessidade de abertura de processos judiciais ou administrativos contra sua gestão. Especialistas destacam que manifestações desse tipo, além de expor apreensão, podem impactar politicamente a credibilidade do Executivo diante da sociedade.
O desdobramento das investigações será acompanhado de perto pela promotoria e por órgãos de controle, e pode resultar em novos procedimentos judiciais contra o prefeito e sua administração. A atuação do MPPA reforça a importância da fiscalização institucional sobre o uso de recursos públicos e a manutenção da integridade no serviço público municipal. Enquanto isso, a reação de Toni Cunha, ao desdenhar da promotora Aline Moreira, torna-se um elemento de repercussão política e midiática, potencializando o debate sobre transparência, probidade e responsabilidade administrativa em Marabá.