A 15ª Parada do Orgulho LGBT+ de Marabá, realizada neste domingo (23), escancarou o que organizadores e participantes classificaram como um claro desrespeito do poder público municipal à comunidade LGBT+. A Prefeitura de Marabá não autorizou a instalação de iluminação no palco, deixando toda a estrutura às escuras durante as apresentações. Somado a isso, o palco montado pela empresa Armazém Eventos — contratada por licitação municipal — apresentou uma grande barra de ferro instalada no centro da montagem, dificultando o uso do espaço e reforçando a percepção de improviso, falta de planejamento e descaso com um evento oficial do calendário cultural da cidade.
Apesar das condições consideradas inadequadas, mais de duas mil pessoas permaneceram no estacionamento do Ginásio da Folha 16 até o fim da celebração, reforçando a força da mobilização comunitária. O evento, com o tema “Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência e Futuro”, contou com apresentações de Madison, DJ Ally e Theodora Lakshimy Drag, que se revezaram no palco entre 18h e 2h desta segunda-feira (24). A movimentação também impactou positivamente o comércio, com ambulantes relatando vendas superiores a R$ 7 mil em bebidas e alimentos.

Durante sua fala, o presidente da ONG Atitude LGBT+, Vinícius Biancardi, destacou o papel político da parada e recordou a participação de Marabá na 4ª Conferência Nacional LGBTQIA+, onde foram aprovadas propostas de criação de ambulatórios para pessoas trans e de mecanismos de segurança pública específicos para a população LGBTQIA+. Biancardi também chamou atenção para a necessidade de qualificação dos profissionais do CTA e lamentou o descaso da Prefeitura Municipal com a comunidade LGBTQIA+.
O coordenador do evento, Caed Alves, agradeceu aos presentes e destacou o legado de pessoas que construíram o movimento LGBT+ em Marabá. Para ele, a realização da parada em condições adversas reforça a importância da mobilização social diante da ausência de comprometimento institucional.
A falta de apoio não se restringiu à estrutura física. O único vereador assumidamente LGBT+ de Marabá, Dean Guimarães, não compareceu ao evento, tampouco enviou mensagem ou representante. Sua ausência foi interpretada por participantes como mais um sinal de distanciamento das pautas sociais e da própria comunidade que ele diz representar. Segundo organizadores, o não comparecimento reforça a percepção de que parte da classe política local evita se posicionar quando o tema envolve direitos e políticas públicas para pessoas LGBTQIA+.
Em avaliação geral, a parada expôs — além da força da comunidade — a fragilidade do compromisso do poder público municipal com um evento tradicional, culturalmente relevante e economicamente significativo para a cidade. A recusa de iluminação, a estrutura precária do palco e a ausência de representantes políticos alinhados às pautas LGBT+ foram citadas como exemplos de negligência. Ainda assim, o público manteve a energia da festa até o fim, demonstrando que a resistência da comunidade supera as limitações impostas.