A gestão do prefeito Toni Cunha (PL) recorreu à Justiça para impedir a greve dos trabalhadores da educação de Marabá, iniciada em 29 de abril. A decisão favorável ao governo municipal foi emitida pelo desembargador plantonista Leonardo de Noronha Tavares na noite de 1º de maio, feriado do Dia do Trabalhador.

A ação foi movida pela Prefeitura de Marabá contra o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (SINTEPP), numa tentativa de deslegitimar o movimento grevista, que reivindica reajuste salarial, valorização profissional e melhores condições nas escolas. Em vez de dialogar com os educadores, o prefeito optou por judicializar o impasse.
Segundo o desembargador, o sindicato não teria apresentado plano de contingência para garantir o funcionamento mínimo das escolas, o que justificaria a interferência no direito de greve. A decisão cita a Lei nº 7.783/1989, exigindo requisitos formais como aviso prévio e manutenção de serviços essenciais — exigências que, na prática, têm sido usadas por gestores para enfraquecer mobilizações legítimas dos servidores públicos.
O governo de Toni Cunha, que se nega a negociar com o sindicato, apresentou a greve como um “abuso”, ignorando a pauta acumulada da categoria e os sucessivos descumprimentos de acordos. O discurso da Prefeitura se apoia na narrativa de que a paralisação prejudica alunos em situação de vulnerabilidade, enquanto silencia sobre o desmonte das políticas públicas e o sucateamento da educação no município.
A decisão judicial determina o retorno imediato dos professores às salas de aula, sob pena de multa diária de R$ 3 mil ao sindicato, limitada a R$ 50 mil. O caso passará a ser acompanhado pela desembargadora Ezilda Pastana Mutran, relatora de processos similares.
A gestão de Toni Cunha tem recorrido com frequência ao uso do Judiciário para conter mobilizações populares e servidores em greve, sem apresentar alternativas concretas à crise na educação. Em vez de promover o diálogo, o prefeito insiste em estratégias repressivas e em discursos que tentam criminalizar a luta por direitos básicos.