Um evento que deveria marcar um avanço na educação superior em Marabá acabou se transformando em mais um episódio constrangedor protagonizado pelo prefeito Toni Cunha. Durante a cerimônia de lançamento de um novo curso de graduação oferecido por uma instituição privada da cidade, o gestor — se é que ainda se pode usar esse termo — usou seu tempo de fala não para enaltecer a importância do curso, nem para valorizar a conquista coletiva que representa mais acesso à educação, mas sim para polemizar, como conhecido “caça-likes” que é.

Diante de autoridades acadêmicas, estudantes, profissionais da saúde, representantes da sociedade civil e colegas da gestão pública, Toni Cunha disparou: “só é doutor quem tem, quem faz, quem fez doutorado; o resto é resto”. A declaração, carregada de desprezo e desinformação, foi recebida com surpresa e incômodo. Profissionais da medicina, odontologia, direito, psicologia e outras áreas tradicionalmente reconhecidas pelo uso do título “Doutor” se sentiram atingidos. Não se trata apenas de tradição, mas de reconhecimento histórico, jurídico e institucional consolidado no Brasil. A própria Constituição Federal e diversas normativas, como resoluções de conselhos profissionais, consagram o uso do título como símbolo de respeito e da responsabilidade social que essas profissões exercem.
Vale lembrar, inclusive, que o título de “Doutor” não se restringe à obtenção formal de um doutorado acadêmico (stricto sensu). Existem também os títulos de Doutor Honoris Causa, concedidos por universidades a indivíduos que tenham contribuído de forma relevante para determinada área do saber, da ciência ou da sociedade. Há, portanto, uma gama de usos legítimos e socialmente reconhecidos que Toni Cunha parece desconhecer, preferindo reduzir a questão a um comentário infeliz e desnecessário, que soou como desprezo àqueles que dedicam suas vidas ao serviço público, à saúde e à justiça.
A fala deslocou completamente o foco do evento. O que deveria ser lembrado como uma noite de reconhecimento e expansão do ensino superior em Marabá acabou virando mais uma manchete negativa associada ao prefeito. E não é a primeira vez que isso acontece. Toni Cunha tem se notabilizado por usar eventos oficiais como vitrines pessoais, em busca de likes, curtidas e engajamento, pouco importando o custo institucional, o constrangimento de terceiros ou a seriedade da ocasião. Seu comportamento evidencia não apenas despreparo, mas também uma perigosa vaidade que compromete a liturgia do cargo que ocupa.
Diante disso, organizadores de eventos e mestres de cerimônia precisam refletir seriamente sobre a conveniência de convidar Toni Cunha para solenidades futuras. O “prefeito caça-likes” transformou o papel institucional que deveria exercer com sobriedade em uma vitrine de egocentrismo. Ele busca os holofotes de qualquer forma, mesmo que precise eclipsar os verdadeiros protagonistas da noite — estudantes, professores, profissionais e instituições. E, como tem se tornado recorrente, quando aparece, tira o brilho de tudo à sua volta.
Toni Cunha, vá procurar um psiquiatra!