Os “destonizados”: Toni Cunha abandona aliados e trai a direita em Marabá

18 jun

O prefeito de Marabá, Toni Cunha (PL), eleito com o apoio da direita local, vem rompendo com seus principais aliados e ignorando compromissos assumidos durante a campanha eleitoral. Após a posse, passou a negar publicamente promessas feitas, criando desgaste político e rejeição entre aqueles que vestiram sua camisa e ergueram sua bandeira.

Durante a campanha, Toni Cunha se apresentou como defensor da moralidade, repetindo que “para sobrar dinheiro era só não roubar”. No entanto, após assumir, manteve quase metade dos secretários da gestão anterior, a qual havia criticado duramente. A prometida mudança ficou restrita a si mesmo, enquanto o restante da administração permanece igual, com as mesmas práticas e os mesmos nomes. Um exemplo que causou estranhamento foi a nomeação de um petista, eleitor declarado de Lula, para a Secretaria de Educação. Além disso, um ex-presidiário foi indicado para atuar como espécie de cão de guarda contra entidades sociais dentro da Prefeitura, sem sequer ter portaria formal.

Entre os aliados abandonados está Claudenor Peixoto, que foi testa de ferro do prefeito, defendendo-o ferozmente nas redes sociais e comprando brigas contra adversários. Mesmo com essa dedicação, Claudenor acabou “destonizado” — termo usado para descrever o rompimento com Toni Cunha — após receber apenas a nomeação da esposa Sarah Maria para um cargo de baixo salário na Secretaria de Comunicação. Frustrado, ele decidiu romper com o prefeito e já planeja deixar Marabá, buscando novas oportunidades em Goiânia.

David Sousa, contratado para fazer vídeos e defender Toni Cunha durante a campanha, também ficou de lado após a eleição. Ex-funcionário de Darci Lermen, ex-prefeito de Parauapebas, David teve a companheira Fabiane Barbosa nomeada na Secretaria de Comunicação para um salário bruto de R$ 6 mil por mês, mas a mulher já foi até deslocada para a Secretaria de Segurança Institucional, diante da pressão do atual secretário Alessandro Viana, que intimida profissionais da pasta e recentemente foi convocado a prestar esclarecimentos na Câmara Municipal por fake news.

Outra liderança abandonada foi Emílio, que criticou a composição do secretariado e, por isso, foi tratado com descaso pelo prefeito. Toni Cunha chegou a afirmar a interlocutores que Emílio nem votou nele, demonstrando desprezo por quem lhe apoiou. Essa postura reforça a imagem de um “prefake reborn” — neologismo que ironiza o prefeito pela contradição entre o discurso e a prática política.

Victorio Miranda, que defendeu Toni nas ruas e redes sociais, passou meses sem qualquer atenção do prefeito e só recentemente recebeu uma vaga modesta no Serviço de Saneamento Ambiental, graças à intervenção de outro apoiador, Tiãozinho Miranda. Mesmo assim, vem comendo “o pão que o diabo amassou” dentro da gestão, assim como as mulheres de Claudenor e David.

Diversos candidatos a vereador do PL e do Podemos que tiveram votações expressivas também já estão “destonizados”, entre eles Gil Fanfa, Nedimar Mendes, Lays Copacabana (que chegou a gravar um vídeo viral chorando em razão da falta do desprezo de Toni Cunha) e Raimundo Neto, presidente do Sindicato do Comércio Varejista, também totalmente ignorado por Toni Cunha e João Tatagiba. Apenas Cristino Carreiro, nomeado ouvidor-geral, e Artevaldo Motouber, na JARI, receberam cargos após as eleições.

O apresentador Marcinho Lira, que recebeu promessas de cargos, também foi ignorado pela gestão. A falta de compromisso do prefeito se resume na frase, recebida pelo portal de um ex-eleitor do prefeito: “Toni Cunha não tem palavra. Não acredite no que ele fala”.

Quem ganhou espaço na Prefeitura foram esquerdistas e apoiadores de outros grupos políticos. A nomeação da esposa do vereador Pedrinho Corrêa (PRD), Laysa Luana Miranda, para o cargo de coordenador II na Secretaria de Saúde, antes da votação sobre a cassação, é interpretada como barganha para garantir apoio na Câmara. Alô, Ministério Público! Cabe investigação do possível nepotismo cruzado e recomendação à Prefeitura de Marabá para que esse tipo de imoralidade não subsista.

Como se já não bastassem as mais de mil páginas da denúncia contra o prefeito Toni Cunha, além de inúmeros anexos comprobatórios de práticas nefastas ocorridas de janeiro a maio deste ano, a atual “gestão” a cada dia que passa nos surpreende com novas trapalhadas, que uma hora ou outra acabarão sendo objeto de investigação pelas esferas competentes — Ministério Público, Tribunal de Contas e Poder Judiciário. O ditado “a justiça tarda, mas não falha!” nunca foi tão verdadeiro.

A avaliação geral é que Toni Cunha usou o apoio da direita para se eleger, mas deu as costas aos eleitores e aliados logo depois. Seu alinhamento com o deputado petista Dirceu, já existente durante a campanha, reforça essa percepção. O prefeito evitou confrontos com adversários, mantendo alianças discretas com grupos contrários à sua base eleitoral.

Enquanto isso, a base de Toni Cunha se desintegra e cresce a expectativa em torno da possível cassação do prefeito pela Câmara Municipal, que acompanha de perto os desdobramentos da crise administrativa. Reportagem Portal Curupira Marabá

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