O prefeito de Marabá, Toni Cunha (PL), vem utilizando a estrutura da Prefeitura para se promover pessoalmente — e agora também para promover sua esposa, Lanúzia Cunha. A prática, além de ferir a Constituição, configura possível abuso de poder político e pode ser enquadrada como improbidade administrativa.

Um dos exemplos mais evidentes aconteceu agora, durante a divulgação dos shows do veraneio 2025. Artistas contratados com dinheiro público estão gravando vídeos que são publicados no perfil pessoal do prefeito, mandando “beijo” para o “gestor”. Os cachês desses artistas são pagos pela Prefeitura de Marabá, com verba pública, e não com recursos do próprio Toni Cunha. Portanto, os agradecimentos deveriam ser feitos à cidade ou à gestão municipal, e não ao prefeito como pessoa física.

Em vídeo gravado para o perfil do prefeito, cantora Mari Fernandez anuncia show em Marabá (pago com recursos públicos) e manda beijo para Toni Cunha. Link da publicação original no Instagram: https://www.instagram.com/reel/DKW6XEzgYjL/?igsh=MTQ0aDcwOWNrY2ZhMA==
Esse tipo de ação desrespeita o princípio da impessoalidade, um dos pilares da administração pública. A Constituição determina que qualquer ato da Prefeitura deve ser feito em nome do interesse público, e não para favorecer a imagem de quem ocupa o cargo. A promoção pessoal com dinheiro do povo é ilegal.
Outro exemplo está nas peças publicitárias da própria gestão. Desde o aniversário de 112 anos da cidade, em abril, materiais oficiais trazem o bordão do prefeito: “pega subindo que descendo é contramão”. Isso é mais uma tentativa clara de ligar o governo à figura de Toni Cunha, como se os avanços fossem obra pessoal dele. Isso também é proibido por lei — o dinheiro público não pode ser usado para fortalecer a imagem de nenhum gestor.

Durante o show de aniversário de Marabá, os artistas contratados receberam um roteiro com cumprimentos não só ao prefeito, mas também à sua esposa, Lanúzia, chamada no papel de “Lanúzia Cunha”. Detalhe: ela não tem cargo público na Prefeitura, mas já começa a aparecer como se fizesse parte da gestão. O movimento indica que Toni Cunha quer lançar Lanúzia candidata a deputada estadual, usando a estrutura da Prefeitura como palanque.
Essas ações mostram um padrão: o uso da Prefeitura para interesses pessoais e familiares. A Constituição é clara ao proibir esse tipo de prática. O prefeito não pode se aproveitar da máquina pública — paga com os impostos da população — para se promover ou preparar o caminho político para familiares.
A Câmara Municipal de Marabá e o Ministério Público do Estado do Pará precisam agir. É papel desses órgãos fiscalizar, cobrar explicações e, se for o caso, abrir investigações. A omissão diante de situações como essa fortalece o uso indevido do dinheiro público e abre espaço para mais abusos.
O recurso público é da população. E ele deve ser usado para melhorar saúde, educação, segurança, transporte — e não para garantir votos ou visibilidade para político e sua família. Reportagem Portal Curupira Marabá