Sem ter sido convidado, o vice-prefeito de Marabá e secretário das pastas de Indústria, Comércio, Mineração, Ciência e Tecnologia — além do Turismo — João Tatagiba apareceu de surpresa em uma agenda oficial do ministro do Turismo, Celso Sabino, no último sábado (10), no plenarinho da Câmara Municipal. A visita fazia parte do programa MTur Itinerante e já estava marcada pelo próprio Ministério. Tatagiba, que meses antes havia tentado, sem sucesso, ser recebido por Sabino em Brasília, foi ao encontro mesmo assim, numa tentativa visível de demonstrar que estaria “fazendo algo” pelo município.

A recepção do ministro ao vice-prefeito foi protocolar. Tatagiba ainda entregou a Sabino um “souvenir”: uma sacola de pano como “lembrança de Marabá”. O gesto, desprovido de qualquer significado concreto, viralizou entre assessores e políticos pela reação estampada de indiferença no rosto do ministro — flagrada no vídeo divulgado pelo próprio Tatagiba nas redes sociais. Nos bastidores, o episódio foi interpretado como mais uma demonstração do despreparo e da falta de noção do vice-prefeito, que ocupa dois cargos estratégicos na gestão municipal e não entrega resultados em nenhum deles (que incrível capacidade, não é mesmo!?).
A atuação de Tatagiba tem sido duramente criticada por empresários, representantes de associações comerciais e turismólogos locais. O setor acusa a falta de diálogo com a gestão e cobra ações estruturadas para o fomento do turismo e do comércio. O retrato atual da cidade reforça o descontentamento: enquanto marabaenses viajam mais de 2.600 km para ver Lady Gaga no Rio de Janeiro, ou percorrem distâncias menores para curtir shows de artistas como Pablo do Arrocha, Natanzinho, Iguinho e Lulinha em municípios vizinhos como Curionópolis e Bom Jesus do Tocantins, Marabá mal consegue atrair público para os poucos eventos que realiza.
Exemplo disso foi o show do cantor Nattan, que custou R$ 700 mil aos cofres públicos e reuniu menos de 10 mil pessoas no estacionamento do Ginásio da Folha 16. O evento foi feito às pressas, sem divulgação adequada, atropelando o calendário cultural (se é que isto existe em Marabá) e, pior, sem qualquer estudo de impacto socioeconômico — uma obrigação da Secretaria de Turismo, que mais uma vez não foi cumprida. A ausência desse estudo inclusive motivou uma ação do Ministério Público, que questiona a viabilidade e a razoabilidade da contratação da atração.
A condução desastrosa das pastas por Tatagiba tem gerado constrangimento até dentro da própria prefeitura. O prefeito Toni Cunha, segundo fontes próximas, é um dos que mais ironiza o vice-prefeito nos bastidores, inclusive pelo fato de Tatagiba sequer saber cantar o hino de Marabá — o que se tornou motivo recorrente de gozações internas. Além, evidentemente, do medo que Toni tem de Tatagiba acabar, acidentalmente, assumindo a Prefeitura em razão de uma eventual cassação do mandato. Longe deste portal ser a Glória Pires, mas neste caso preferimos não opinar sobre o que é pior para a cidade.
Enquanto isso, o ministro Celso Sabino, que tem ampliado sua agenda em busca da reeleição como deputado federal (2026 está logo ali), utilizou sua passagem por Marabá para divulgar números do Fungetur — linha de crédito voltada para o turismo. Segundo o MTur, sete operações contratadas entre 2023 e 2024 somaram R$ 6,77 milhões em investimentos. A equipe técnica do ministério pretende ampliar esse volume de recursos para apoiar hotéis, restaurantes e outros empreendimentos turísticos. Nenhum desses anúncios, no entanto, tem ligação direta com a atuação da gestão municipal.
João Tatagiba coleciona cargos, mas não coleciona entregas. Sua presença no evento do MTur, como um mero coadjuvante, apenas reforçou o sentimento generalizado de que a gestão municipal está à deriva no que se refere ao setor. Se depender dele, o único tour garantido em Marabá é pelo abandono das políticas públicas — com direito a sacola de pano e vergonha alheia no itinerário. Reportagem: Portal Curupira