Denúncia expõe caos no CTA de Marabá: falta de remédios, exposição de pacientes e risco de perda de equipamento

7 ago

Uma denúncia recebida pela ONG Atitude LGBT+ de Marabá revela uma série de irregularidades graves no funcionamento do Centro de Testagem e Acolhimento (CTA), que também abriga o Serviço de Atendimento Especializado (SAE) no atendimento a pessoas vivendo com HIV/AIDS. A principal acusação recai sobre a atual coordenadora da unidade, Kelsilene Brito Rodrigues, que estaria promovendo um ambiente de desorganização e desrespeito com servidores e usuários.

Segundo o relato, feito por um servidor que pediu anonimato por temer retaliações, a coordenadora não dialoga com a equipe, não responde aos processos administrativos e, quando se manifesta, seria apenas para intimidar e ameaçar subordinados. A denúncia aponta ainda a falta de diversos medicamentos na unidade e alerta para o risco de retirada do aparelho de CD4 — essencial para o monitoramento clínico de pessoas com HIV — por falta de retorno da gestão local às demandas do Estado, responsável pelo equipamento.

O aparelho de CD4 foi uma conquista importante das gestões anteriores, permitindo a realização dos exames diretamente em Marabá e encurtando o tempo de espera por resultados. Antes, os exames eram enviados para Belém, o que atrasava o início do tratamento. Agora, com a possível retirada da máquina para outra cidade, como Jacundá, o retrocesso pode afetar seriamente o diagnóstico e o acompanhamento dos pacientes.

Outro ponto alarmante da denúncia refere-se à exposição de prontuários de pacientes, colocando em risco o sigilo e a privacidade de pessoas que já enfrentam estigmas e barreiras no acesso ao atendimento. A ONG Atitude LGBT+ informou que irá até o CTA nos próximos dias para apurar diretamente os fatos relacionados à falta de medicamentos, à omissão da coordenação diante da gestão da máquina CD4 e outras possíveis falhas.

Em dezembro de 2024, a entidade já havia visitado a unidade para verificar queixas semelhantes sobre desabastecimento de medicação de uso contínuo. O presidente da ONG, Vinícius Soares, considerou o conteúdo da nova denúncia extremamente preocupante e afirmou que medidas firmes serão adotadas. “Essa situação é inadmissível. Estamos diante de um completo abandono institucional. Vamos levar esse caso ao Ministério Público, à Câmara Municipal e ao Conselho Municipal de Saúde. Os pacientes e servidores merecem respeito, dignidade e estrutura adequada”, declarou.