“Coordenador” é afastado da Parada LGBT+ de Marabá após clamor da comunidade

12 out

“Eu não sou mais coordenador”. Portaria publicada neste domingo (12) pela ONG Atitude LGBT+ oficializou a exoneração de João Vitor Cavalcante da função de coordenador da 15ª Parada LGBT+ de Marabá. A decisão, tomada pela diretoria executiva da entidade na última terça-feira (7), foi justificada pela necessidade de reorganizar a equipe e otimizar os trabalhos para a realização do evento, que ocorrerá no próximo dia 9 de novembro.

João Vitor havia sido designado para coordenar as atividades do evento em 24 de setembro, mas permaneceu na função por menos de 15 dias. A exoneração ocorre após a repercussão negativa de um episódio ocorrido durante audiência pública na Câmara Municipal, na última terça-feira (7), quando o jovem se desentendeu com a promoter de eventos Raytha Solaires. Durante a discussão, ele afirmou em alto e bom som: “Eu sou coordenador, e você? Você não é nada”, gerando reação imediata nas redes sociais pelo desrespeito à história de Raytha na construção do movimento LGBT+ local. As falas do rapaz levaram a um clamor da comunidade pedindo sua saída da coordenação.

Após o bate-boca, João Vitor e Raytha se encontraram, e a promoter aceitou as desculpas do ex-coordenador, encerrando a polêmica entre os dois. Em entrevista ao Portal Curupira Marabá, o presidente da ONG Atitude, Vinícius Biancardi, informou que assumiu interinamente a coordenação a partir de quarta-feira (8) e já iniciou tratativas para captação de patrocínios, definição de atrações e organização da estrutura do evento.

Currículo de polêmicas

Quanto a João Vitor, o histórico de polêmicas não se encerra por aí. Apenas três dias após a confusão com Raytha na Câmara, João foi visto em uma discussão com uma colega de turma em pleno horário de aula. Segundo apuração da reportagem, ele deve ser desligado de mais uma faculdade particular onde cursa Direito. Isso porque o jovem contabiliza passagens conturbadas por outras três instituições, nas quais a saída ocorreu - sem nenhuma surpresa - por causa de contendas com colegas e professores, incluindo abaixo-assinados solicitando sua exclusão.

Nas eleições municipais de 2024 em Marabá, João Vitor foi candidato a vereador pelo PDT, finalizando a apuração com apenas 21 votos. O fracasso eleitoral não foi suficiente para que ele desistisse da vida política, e o jovem continuou frequentando gabinetes de vereadores da cidade em busca de alguma colocação. Ele chegou a dizer que era assessor da vereadora Priscila Veloso (PSD) e base do prefeito Toni Cunha (PL), mas pouco tempo depois anunciou seu rompimento com os dois políticos.

O Portal Debate Carajás também revelou na semana passada que João Vitor teria procurado o então vereador Miguelito (PDT) solicitando o reconhecimento de paternidade do político, pois na certidão de nascimento de João não constaria o nome de seu pai biológico ou afetivo. De acordo com relatos, o pedido não prosperou após a intervenção dos filhos do ex-parlamentar, que teriam se posicionado contrariamente ao reconhecimento. Fontes próximas afirmam que Miguelito chegou a demonstrar disposição em atender ao pedido, mas desistiu após a resistência familiar.

O outro lado

A respeito da exoneração do cargo de coordenador, João Vitor emitiu uma nota, leia na íntegra:

“Assumi esta função com o compromisso de fortalecer a visibilidade LGBTQIAPN+ em Marabá e de garantir que a 15ª edição da Parada fosse um espaço plural, acolhedor e representativo. Entretanto, encontrei não apenas a falta de apoio institucional do poder público, mas também a ausência de solidariedade e cooperação por parte de alguns integrantes do próprio grupo, que, ao invés de somar esforços, atuaram de forma a enfraquecer o trabalho coletivo e criar situações que levaram a este desfecho.

Lamento profundamente que, em um movimento que deveria ser guiado pela união e pelo respeito à diversidade, ainda prevaleçam vaidades pessoais, disputas internas e atitudes que desrespeitam quem realmente luta e se dedica à causa.

Apesar disso, sigo acreditando no propósito maior do movimento LGBTQIAPN+ e na importância de manter viva a Parada LGBT+ de Marabá como instrumento de resistência, visibilidade e luta por direitos.

Agradeço às pessoas que, de forma sincera e comprometida, estiveram ao meu lado durante esse processo, contribuindo com ideias, trabalho e energia positiva. Desejo que a nova coordenação tenha sabedoria para conduzir o evento com diálogo, ética e respeito.”