Autoritário, Toni Cunha se recusa a receber educadores e greve continua em Marabá

5 maio

Na manhã desta segunda-feira (5), professores da rede municipal de ensino de Marabá se dirigiram até a Secretaria Municipal de Obras, no Km 5,5 da BR-230, onde atualmente funciona o gabinete do prefeito Toni Cunha (PL), com a expectativa de serem recebidos para uma rodada de negociações sobre a greve geral iniciada na semana passada. Ao chegarem ao local, no entanto, foram informados de que o prefeito não os atenderia e de que sequer ele estaria no local — ou seja, não apareceu para trabalhar. A justificativa: Toni Cunha só pretende dialogar com os educadores após o fim da paralisação, que o Tribunal de Justiça do Pará declarou ilegal na última quinta-feira (1º).

A decisão judicial, emitida pelo desembargador Leonardo de Noronha Tavares, determinou o retorno imediato dos professores às atividades, sob pena de multa diária de R$ 3 mil ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp), limitada a R$ 50 mil. Mesmo assim, a categoria decidiu manter a greve, cujas pautas incluem a recomposição salarial e reajustes no vale-alimentação. A Prefeitura havia sinalizado que apresentaria uma proposta nesta segunda-feira, mas, com a negativa de diálogo por parte do chefe do Executivo, o impasse se mantém.

Diante do endurecimento da postura da gestão, cresce a frustração entre servidores e parte expressiva da população. O prefeito, que em campanha eleitoral repetia que “piso não se discute, se paga”, agora escolhe recorrer ao Judiciário para tentar silenciar uma greve que cobra justamente o cumprimento da lei do magistério. Isto se chama estelionato eleitoral. A mudança de postura é vista como uma traição por muitos daqueles que ajudaram a elegê-lo, acreditando em promessas de valorização dos profissionais da educação e respeito aos direitos dos servidores públicos.

A recusa em dialogar com a categoria, mesmo diante de uma mobilização que já afeta mais de 50 mil estudantes da rede pública, tem sido classificada por movimentos sociais e lideranças sindicais como autoritária e desrespeitosa. Toni Cunha se esconde atrás de decisões judiciais para não enfrentar politicamente as consequências de uma gestão que, desde o início, vem se revelando desastrosa.

A transição de governo — conduzida pelo vice-prefeito João Tatagiba, empresário sem experiência na administração pública — foi alvo de questionamentos desde os primeiros dias. O próprio secretário municipal de Educação, Cristiano Lopes, admitiu em entrevista à TV Correio que a transição “não foi bem feita”, o que comprometeu o início do mandato e impactou diretamente o funcionamento da máquina pública. A população sente os efeitos de uma gestão que, segundo muitos, já nasceu sem rumo.

O desgaste político avança. As reações nas redes sociais escancaram a divisão entre os apoiadores do prefeito, que tentam sustentar o discurso ideológico, e uma parcela cada vez maior da população que exige o cumprimento de direitos básicos. Até mesmo os conservadores mais radicais, antes firmes defensores do político, já demonstram insatisfação. Há “um pé atrás” até dentro da bolha ideológica que o elegeu.

Os questionamentos se multiplicam: onde está o compromisso com a valorização dos servidores? Onde está o respeito ao eleitor? A greve dos professores tornou-se o estopim de um governo que acumula desgastes, escândalo após escândalo, e vê sua base de apoio ruir diante da realidade da má gestão. O silêncio diante dos professores e a recusa ao diálogo só reforçam a imagem de um prefeito distante, inflexível e desconectado das necessidades da cidade.

O que era para ser uma gestão marcada pela renovação política e técnica tornou-se alvo de críticas severas. Não foi à toa que Toni Cunha resolveu manter quase 50% do secretariado do ex-prefeito Tião Miranda. A “lua de mel” que tradicionalmente marca os primeiros meses de governo durou pouco. Para muitos, já é hora de levantar a voz e fazer a pergunta que começa a ecoar pelas ruas e redes sociais: Fora Toni? Impeachment nele? Tchau, querido?

O tempo está correndo — e o povo, acordando.

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