Não é de hoje que as decisões de uma das famílias mais tradicionais da política marabaense causam revolta até mesmo na base petista que sustenta politicamente a família Ten Caten no município. Desde a passagem turbulenta de Luiz Carlos Pies pelo comando da prefeitura de Marabá, por cerca de 90 dias, em 2016, por conta do afastamento à época de João Salame do cargo, a família já dava sinais de não se preocupar com os desgastes políticos de suas decisões em Marabá.

O fato de Luiz Carlos ter suspendido o pagamento de salários de professores, além de ter cortado o Vale-Alimentação dos servidores municipais, chegando ao ponto de “bater boca” com grevistas que cobravam seus direitos em frente ao Ministério Público, além de ter mantido em cárcere privado dentro do prédio da prefeitura funcionárias do Hospital Materno Infantil que faziam cobranças, além de ameaçar cortar o ponto das mesmas, é uma evidência de que a família não tem o município de Marabá como estratégico em seus planos, evitando assim desgastes políticos desnecessários como estes.

A nomeação de um segundo superintendente, em menos de um ano, que não mora nem tem vivência política em Marabá, para o comando da maior unidade do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) do Brasil, também é um sintoma da falta de compromisso da família com as próprias lideranças petistas de Marabá. Após ficarem sabendo da notícia da indicação de um empresário de Conceição do Araguaia para o comando do órgão, causaram uma verdadeira “rebelião” nos grupos de WhatsApp do partido e da pré-candidatura de Dirceu à prefeito de Marabá, argumentando que o deputado quer ser eleito prefeito de Marabá, mas não dá oportunidades para as lideranças do próprio município.

Outros chegaram a questionar se eleito prefeito, Dirceu também escolheria seus secretários municipais de fora de Marabá e ponderaram que foi um péssimo sinal político para o município a escolha de um segundo superintendente para o Incra de Marabá, que não tem vivência política na cidade.

O Portal também apurou com algumas fontes no Incra e no PT de Marabá que a estratégia de indicação de pessoas de confiança da família de fora da bolha política de Marabá para o comando de órgãos federais importantes no município se dá pelo fato de apenas a família ter conexões com essas figuras de fora do meio político de Marabá, para que outras lideranças do próprio PT e de outros espectros políticos não tenham influência nestes órgãos.