Grávida tem intestino perfurado e bebê tem braço quebrado durante parto em Hospital Materno Infantil de Marabá

Este não é o primeiro caso de violência obstétrica registrado no HMI de Marabá, e infelizmente, pode não ser o último. Em janeiro do ano passado, o hospital registrou cinco mortes em quatro dias (quatro recém-nascidos e uma parturiente de 22 anos).

23 jan

Um grave caso de violência obstétrica está sob investigação pelas autoridades em Marabá. A vítima, uma jovem de 23 anos do núcleo São Félix, Tereza Bianca Nunes, deu entrada no Hospital Materno Infantil de Marabá (HMI) em 29/10/2023 para o trabalho de parto. No entanto, durante o procedimento, ela teve o intestino perfurado, e seu recém-nascido teve o braço quebrado na mesa de cirurgia.

A mãe da vítima, Regiane Nunes, procurou o Portal para denunciar essas sérias violações de direitos que afetaram sua família. Apesar das reclamações sobre dores na barriga e o braço quebrado do bebê, o hospital concedeu alta médica sem imobilizar o braço do recém-nascido, limitando-se a utilizar uma tipoia antes de enviá-los para casa.

Delegacia da Criança e Adolescente requisitou laudo para constatar violência contra o recém-nascido.

Alguns dias depois, a jovem deu entrada no Hospital Municipal de Marabá com dores abdominais intensas, sem saber que seu intestino havia sido perfurado durante o parto no HMI. Ela foi hospitalizada por mais de 40 dias, evoluindo para a necessidade de transferência para a UTI. Mais recentemente, foi transferida em estado grave para o Hospital Regional Público do Sudeste “Dr. Geraldo Veloso”, onde passou por cirurgias para a reconstrução do intestino e permanece em situação delicada, conforme informações da família.

Transferência para o Regional, só depois de denúncia no MP

A transferência para o Hospital Regional só ocorreu após denúncia ao Ministério Público Estadual, pois, durante a internação no HMI e HMM, a vítima recebeu diagnósticos desencontrados e sofreu com o inchaço contínuo na barriga.

Histórico de Hospital dos Horrores

Este não é o primeiro caso de violência obstétrica registrado no HMI de Marabá, e infelizmente, pode não ser o último. Em janeiro do ano passado, o hospital registrou cinco mortes em quatro dias (quatro recém-nascidos e uma parturiente de 22 anos). Esses casos estão sendo acompanhados pelo Ministério Público do Pará (MPPA), pela 6ª Promotoria de Justiça, que não descarta a possibilidade de crimes cometidos por negligência médica.

Outro caso envolve a vendedora Jamila Carneiro, cujo sonho de ser mãe se transformou em trauma após a morte do filho em dezembro de 2022. Ela descreve uma experiência dolorosa no parto, envolvendo a ruptura da bolsa pelo médico obstetra e a posterior quebra do colo do útero, resultando em dor intensa. Após o nascimento, o bebê foi transferido para o Hospital Regional, falecendo dois dias depois. A declaração de óbito apontou choque cardiogênico, asfixia grave ao nascer e aspiração de mecônio.

Exigindo justiça, Jamila Carneiro destaca que outros casos semelhantes estão ocorrendo, e a necessidade de responsabilização do hospital pelos acontecimentos.

O presidente do Conselho Municipal de Saúde, Diorgio Santos, destaca as principais reclamações, incluindo maus-tratos, superlotação e demora nos atendimentos. Ele afirma que a postura do conselho é cobrar informações sobre os casos junto à Secretaria Municipal de Saúde. Diorgio informa que a maioria dos conselheiros defende a abertura de procedimento administrativo ou sindicância para apurar possíveis irregularidades.

Monica Bochard, titular da secretaria municipal de Saúde, lamenta os fatos ocorridos e ressalta a grande demanda do hospital, que atende toda a região. Ela menciona mais de 2.500 partos normais e mais de 2.100 partos cesarianos em 2022, destacando a dificuldade enfrentada devido ao grande volume de pacientes não regulados provenientes dos municípios circunvizinhos.

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