Em meio a dificuldades para conquistar maioria nos conselhos municipais de direitos, como saúde e assistência social, a gestão de Toni Cunha (PL) parece recorrer a estratégias paralelas para ampliar seu poder sobre o terceiro setor em Marabá. Uma dessas ações envolve o CAEP – Conselho das Associações e Entidades do Pará, uma entidade privada registrada há pouco mais de 30 dias e comandada por Jader Santos, ex-conselheiro tutelar, aliado próximo do prefeito e que já foi preso pelo crime de receptação.

Na segunda-feira (18), o CAEP promoveu uma capacitação voltada a associações e entidades sociais, oferecendo orientações jurídicas e administrativas. Embora se apresente como “conselho”, a organização é privada e não possui caráter deliberativo, funcionando em uma sala anexa à residência de Jader Santos. Especialistas alertam que a nomenclatura pode induzir associações e população a confundirem a entidade com órgãos oficiais, enquanto, na prática, o CAEP atua como instrumento de articulação política e influência pessoal.
Jader Santos afirmou que o objetivo é “transformar união em força coletiva, garantindo mais voz e legitimidade às entidades representadas”. A sede provisória, localizada em sua residência, evidencia a fragilidade estrutural da organização, que ainda busca espaço definitivo em Belém.
Fontes do terceiro setor em Marabá avaliam que a criação e atuação do CAEP configuram uma manobra para contornar a ausência de apoio nos conselhos oficiais, construindo canais paralelos de influência. A ação expõe a tentativa da gestão de interferir na representação social e levantar controle sobre associações consolidadas, em detrimento da transparência e da autonomia do setor.
O episódio levanta questionamentos sobre a responsabilidade de Jader Santos e da administração municipal na condução das políticas de terceiro setor, reforçando denúncias de manobras políticas e favorecimento de aliados em detrimento do interesse público.