A Prefeitura de Marabá convive atualmente com um poder paralelo que se sobrepõe à estrutura oficial do governo municipal. Esse poder atende pelo nome de Carlos Sá, pai do prefeito Toni Cunha (PL), que, mesmo sem ocupar cargo público, atua como verdadeiro articulador dentro das secretarias, influenciando decisões administrativas e intercedendo por interesses privados.

Carlos Sá tem livre acesso às principais pastas da gestão, como a Superintendência de Desenvolvimento Urbano (SDU), Secretaria da Fazenda (Segfaz) e Secretaria Municipal de Educação (Semed). É visto circulando com documentos de empresários em mãos, participando de reuniões e tratando diretamente de demandas que deveriam ser conduzidas por agentes públicos de carreira. Sua presença, segundo servidores, intimida técnicos e cria um ambiente em que decisões administrativas são tomadas à margem da legalidade.
As denúncias mais graves apontam que Carlos vem comandando esquemas milionários em áreas estratégicas, como Saúde, Obras e SDU, em articulação com servidores antigos e influentes. Esses servidores, que já atravessaram diferentes gestões, seriam a base operacional para liberar contratos e destravar processos de interesse de grupos empresariais, configurando um sistema paralelo de poder que escapa de qualquer controle institucional.
O histórico de Carlos Sá reforça a gravidade do cenário. Acusado há anos de fraudes financeiras e de emissão de cheques sem fundos em Marabá, deixou a cidade em meio às denúncias e se mudou para Fortaleza (CE). Seu retorno como figura central no governo do próprio filho expõe não apenas a permanência de velhas práticas, mas também a normalização de um modus operandi baseado em acordos de bastidor e benefícios privados.

A presença de Carlos não é isolada. Ele mantém proximidade com Cristino Carreiro, ex-assessor de Toni Cunha na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) e atual ouvidor-geral do município. Carreiro foi citado em denúncias de participação em um esquema de “rachadinha” no gabinete do então deputado estadual, conhecido nos bastidores como “laranjal”.
Fontes ligadas ao Executivo relatam que Carlos e Cristino circulam juntos em reuniões políticas e encontros privados, o que reforça a suspeita de que a influência paralela não se limita a uma figura, mas a uma rede de poder dentro da máquina pública.
As informações revelam que, em Marabá, decisões estratégicas e contratos milionários não passam apenas pela mesa de secretários ou pelo gabinete do prefeito. Há um circuito paralelo de poder, comandado por Carlos Sá, que opera fora de qualquer regra de transparência e expõe a administração municipal a um grave desvio de finalidade. Reportagem Portal Curupira Marabá