O Hospital Materno Infantil de Marabá (HMI) registrou, nesta segunda-feira (3), o oitavo caso de óbito fetal nos primeiros dias de 2025. A sequência de mortes evidencia o colapso no atendimento às gestantes e expõe falhas graves na gestão da saúde pública municipal.
Diante da situação, uma reunião emergencial foi convocada para esta terça-feira (4), às 14h30, na Câmara Municipal. Vereadores, o secretário de Saúde, a direção do hospital, o Ministério Público Estadual e o Conselho Municipal de Saúde estarão reunidos para discutir soluções, enquanto a população se pergunta por que tantas mortes estão acontecendo sem uma resposta efetiva das autoridades.
Um dos principais problemas apontados é a falta de ultrassonografia 24 horas. O hospital possui o equipamento, mas não tem profissionais suficientes para operá-lo continuamente. O exame só é realizado duas vezes por semana, deixando inúmeras gestantes sem um diagnóstico adequado. Muitas delas são mandadas para casa sem qualquer verificação mais profunda e retornam quando já é tarde demais.
O caso mais recente ilustra bem o descaso. Uma mulher da zona urbana de Marabá chegou ao HMI no sábado com dores e foi orientada a voltar para casa sem passar por um ultrassom. Quando retornou nesta segunda-feira, já estava com descolamento de placenta e precisou passar por um procedimento de emergência que resultou na perda do útero.
A falta de uma transição adequada entre a antiga e a nova gestão municipal também tem sido apontada como fator agravante, mas a questão vai além. A ineficiência no planejamento e a precariedade no atendimento às gestantes no HMI já eram problemas conhecidos e, agora, resultam em uma escalada de mortes que parece não ter fim.
Até o momento, a Prefeitura não se pronunciou sobre mais essa tragédia. O silêncio das autoridades só reforça a indignação da população, que cobra respostas e medidas urgentes para evitar novas perdas irreparáveis.