O governo de Toni Cunha (PL) em Marabá mal começou e já está marcado por polêmicas, confusões e escândalos que repercutem nacionalmente. Em meio à ausência de projetos para o desenvolvimento da cidade, uma nova bomba vem à tona: a nomeação de Dário Furtado Veloso, ex-secretário de Obras e ex-presidiário condenado por peculato, como secretário adjunto de Obras. A decisão tem causado desconforto até mesmo na base de apoio bolsonarista do prefeito, que sustenta um discurso de moralidade.
Dário Veloso é um personagem polêmico na história política de Marabá. Em 2001, enquanto ocupava o cargo de secretário de Obras no governo de seu pai, Geraldo Veloso, ele foi acusado de participar de um esquema de desvio de recursos do Programa de Combate às Carências Nutricionais (PCCN), financiado pelo Ministério da Saúde. O caso envolveu a compra superfaturada de 92 toneladas de leite em pó e 14.400 latas de óleo de soja refinado, que deveriam atender à população carente e desabrigados pelas enchentes.
O esquema de corrupção, orquestrado durante o processo licitatório nº 0.009/2001, incluiu irregularidades como pagamentos antecipados à empresa contratada, a Alvorada Comércio, sem garantia de entrega dos produtos. De acordo com a denúncia, Dário Veloso e o empresário Eduardo Barbosa de Souza simularam a entrega de 30 toneladas de leite e 4 mil latas de óleo, enquanto os produtos nunca chegaram ao destino.
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Após um longo processo judicial, Dário foi condenado em duas instâncias. Em 2007, sua pena foi ampliada para oito anos de reclusão e multa. Em 2017, ele foi preso e cumpriu parte da sentença no Centro de Recuperação Agrícola Mariano Antunes (Crama). Apesar da gravidade dos crimes e do impacto direto nas crianças mais vulneráveis do município, Veloso nunca pediu desculpas públicas ou demonstrou arrependimento.
A nomeação de Veloso para um cargo estratégico na Secretaria de Obras reacende temores sobre o uso da pasta, especialmente devido à importância da gestão de recursos públicos destinados à infraestrutura. Críticos questionam: o que impede que Dário repita os atos pelos quais foi condenado agora que está, novamente, na ‘cena do crime’? A secretaria, responsável por grandes obras e contratos milionários, é especialmente sensível a desvios e fraudes.
Além disso, a decisão de Toni Cunha contrasta diretamente com sua postura moralista frequentemente exibida em redes sociais. O prefeito tem se posicionado como um defensor da ética e da boa governança, mas a inclusão de alguém com o histórico de Dário Veloso em sua equipe expõe fortes contradições em seu discurso. O ato também tem causado fissuras na base bolsonarista, que sempre pregou tolerância zero com a corrupção.
O escândalo atual é apenas o mais recente de uma série de problemas que envolvem a gestão Toni Cunha nesses primeiros dias. Desde que assumiu, o prefeito ainda não anunciou grandes obras ou programas de impacto para Marabá. Pelo contrário, sua administração tem sido marcada por polêmicas, como o Escândalo das Musas que foi parar em jornais de todo o país, incluindo os telejornais e sites da CNN Brasil. A falta de ações concretas levanta dúvidas sobre a capacidade de gestão do governo, que parece mais focado em controvérsias do que em soluções para os problemas do município.
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No caso de Dário Veloso, o histórico de corrupção é inegável. Ele foi condenado não apenas por desviar recursos, mas por um crime que impacta diretamente os mais vulneráveis da sociedade: crianças em situação de pobreza extrema. O leite e o óleo, adquiridos com dinheiro público, eram destinados a quem mais precisava. O desvio desses recursos não foi apenas um ato de corrupção, mas um atentado contra os direitos humanos.
A repercussão negativa da nomeação já começa a ecoar. O que se espera de um governo que coloca um criminoso condenado de volta no cenário do crime? A sociedade marabaense exige respostas, ações concretas e, acima de tudo, respeito às instituições públicas e aos cidadãos que confiaram na promessa de uma gestão ética e eficiente. A nomeação de Dário Veloso não é apenas um escândalo, mas um símbolo do que parece ser a verdadeira prioridade do governo Toni Cunha: interesses pessoais acima do bem-estar coletivo.
Com a palavra, a Prefeitura de Marabá e Dário Veloso.
Noé Lima