A inauguração da nova ponte sobre o Rio Itacaiunas, marcada para esta sexta-feira (27), em Marabá, tem gerado preocupações e críticas devido a um decreto publicado poucas horas antes do evento pelo prefeito Sebastião Miranda. O documento restringe a circulação de veículos pesados na estrutura, batizada como Ponte Dona Ana Miranda, em homenagem à mãe do prefeito, e levanta questionamentos sobre a segurança e a funcionalidade da obra, que foi finalizada às pressas nos últimos dias de sua gestão.
A nova ponte, que faz parte de uma maratona de inaugurações promovida por Tião Miranda, parece refletir uma estratégia política para entregar obras antes do término de seu mandato, evitando que sejam finalizadas pelo novo prefeito eleito, Toni Cunha. Mesmo assim, a estrutura, que custou R$ 109 milhões — sendo R$ 59 milhões da Prefeitura e R$ 50 milhões do Governo do Estado —, já nasce com limitações, prejudicando sua plena utilização.
Enquanto isso, a ponte construída há 14 anos, inaugurada pelo ex-prefeito Maurino Magalhães em 25 de outubro de 2010, continua sendo apontada como uma estrutura mais confiável. Localizada no quilômetro zero da Transamazônica, a ponte original atende à área urbana de Marabá sem restrições de tráfego, mesmo após ter sido duplicada.
O decreto de Tião Miranda proíbe o trânsito de veículos com peso bruto total acima de 25 toneladas, comprimento superior a 7 metros ou tara maior que 2 toneladas na Ponte Dona Ana Miranda. Apenas veículos de emergência, como ambulâncias, caminhões de combate a incêndios e transporte de insumos hospitalares, têm permissão para atravessar. Segundo a Prefeitura, a medida visa “assegurar o tráfego seguro”, mas a restrição alimenta suspeitas de que a estrutura possa apresentar limitações técnicas ou falhas em sua concepção.
A nova ponte, com 524 metros de extensão e faixas de passeio para pedestres, será liberada para uso apenas no sábado (28), às 9h. Contudo, muitos questionam a real eficácia da obra diante de suas restrições, especialmente em uma cidade cuja economia depende do transporte rodoviário.
Comparações com a ponte de Maurino Magalhães destacam o contraste entre as gestões. Enquanto a antiga estrutura segue sem limitações e amplamente funcional, a Ponte Dona Ana Miranda já começa com problemas. Para críticos, a pressa em finalizar a obra e seu uso político deixam dúvidas sobre seu legado para a população de Marabá.