A administração de Toni Cunha (PL) em Marabá tem sido alvo de críticas e questionamentos pela presença constante de familiares em funções estratégicas e pelo uso da estrutura pública para sustentar interesses privados e eleitorais. O cenário aponta para uma gestão em que vínculos de sangue e afinidade se sobrepõem ao princípio da impessoalidade que deve reger a administração pública. As informações são do Blog Boca de Jambu e Portal Cidade Atual.

Um dos exemplos mais evidentes é a atuação da primeira-dama, Lanuzia Lobo. Sem cargo oficial na Prefeitura, ela mantém uma equipe de cinco assessores remunerados pelos cofres municipais, incluindo uma psicóloga, um ex-participante de reality culinário e uma jornalista encarregada de sua comunicação pessoal. A estrutura se aproxima mais de um comitê político do que de apoio institucional, e já alimenta especulações sobre sua pré-candidatura à Assembleia Legislativa do Pará.

A presença de familiares em posições de influência não se limita à primeira-dama. O tio do prefeito exerce papel central na Secretaria de Saúde, enquanto o sogro é apontado como figura com peso em licitações e decisões administrativas. No início da gestão, a sogra chegou a assumir, ainda que de forma “voluntária”, a coordenação da Casa da Cultura de Marabá, permanecendo como articuladora de fato mesmo após a nomeação de uma presidente oficial para a fundação.
O Ministério Público do Pará já interveio para frear essas práticas. Em recomendação recente, a promotoria determinou que o prefeito se abstenha de permitir a participação de familiares e pessoas sem vínculo funcional em eventos, programas e campanhas da Prefeitura. O órgão alerta para o risco de desvio de finalidade da máquina pública e para a configuração de nepotismo, prática reiteradamente condenada pela Justiça.

Na prática, a Prefeitura de Marabá se converteu em uma rede de posições ocupadas por parentes do prefeito, com cada um assumindo espaço em setores-chave da administração. O arranjo reforça não apenas o projeto político de Toni Cunha, mas também a preparação de terreno para futuras disputas eleitorais de Lanuzia Lobo e de outros integrantes do clã familiar.
A estratégia, ainda que possa render ganhos políticos imediatos, expõe a gestão municipal a investigações e ações judiciais, além de corroer a confiança pública. Em vez de consolidar políticas de Estado, a Prefeitura de Marabá se vê transformada em extensão de interesses particulares, marcada pela sobreposição de laços familiares ao compromisso com a coletividade.