João Tatagiba diz que Toni Cunha “não respeita ninguém” e deixa cargos no governo em Marabá

20 ago

O vice-prefeito de Marabá, João Tatagiba (Podemos), pediu na tarde desta terça-feira (19) a exoneração dos cargos de secretário municipal de Indústria e Comércio e de Turismo, ocupados desde o início da atual gestão. A solicitação foi formalizada diretamente ao prefeito Toni Cunha (PL), alegando motivos pessoais.

No entanto, o rompimento entre os dois já vinha se desenhando desde a transição de governo, e se intensificou com o acolhimento de denúncias na Câmara Municipal que apontam irregularidades na gestão do prefeito. Tatagiba, conforme relatam interlocutores, passou a articular o processo de cassação de Toni Cunha junto a opositores políticos, o que teria aumentado o atrito entre os dois. O vice-prefeito vinha declarando a interlocutores, há meses, que Toni Cunha “não respeita ninguém”, “não tem respeito pelas pessoas” e “se acha acima de todo mundo”, com estas palavras.

O relacionamento entre prefeito e vice, marcado desde o início por fragilidades, degringolou ainda mais durante a campanha eleitoral, quando um boletim de ocorrência registrado pela ex-mulher de Tatagiba trouxe à tona acusações graves de violência doméstica. Nos bastidores, a denúncia passou a ser motivo de apelidos internos usados por aliados de Toni Cunha, gerando constrangimento e desgaste político. Na ocasião, Tatagiba era chamado, em um trocadilho infame com o caso de violência doméstica, de João “Tapagiba”.

O vice-prefeito também relata a falta de respeito e de autonomia no exercício das secretarias, que teriam sido tratadas como pastas sem prestígio. Em uma das primeiras viagens do prefeito a Brasília, Tatagiba, que por lei deveria assumir temporariamente a gestão municipal, foi impedido de tomar decisões e assinar documentos, seguindo orientação do controlador-geral Wilson Xavier.

O distanciamento público entre os dois ficou evidente em junho, durante o Encontro Regional do Podemos em Marabá. Na ocasião, Toni Cunha ignorou Tatagiba em seu discurso, citando outros membros da mesa e correligionários, reforçando a percepção de ruptura política entre os dois.

A sequência de pedidos de exoneração no primeiro escalão da administração municipal não se restringe a Tatagiba. Antes dele, a procuradora-geral e o superintendente de Desenvolvimento Urbano também deixaram seus cargos, indicando um clima de instabilidade no governo.

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