Secretário de Comunicação de Marabá é suspeito de assédio moral e conduta autoritária contra servidores

18 jun

Mensagens registradas em grupo oficial da Secom no WhatsApp mostram Alessandro Viana afirmando “quem manda aqui sou eu” e “não estou numa democracia”; ele confirmou à reportagem a autoria dos textos.

O secretário municipal de Comunicação de Marabá, Alessandro Viana, está novamente no centro de uma crise dentro da gestão do prefeito Toni Cunha. Depois de ter sido convocado pela Câmara Municipal na semana passada para prestar esclarecimentos sobre a divulgação de informações falsas em suas redes sociais, Alessandro agora é suspeito de assédio moral e de impor um ambiente de intimidação dentro da Secretaria de Comunicação (Secom).

A redação recebeu um dossiê contendo prints de conversas realizadas em um grupo oficial da Secom no WhatsApp, canal de uso institucional da equipe de comunicação da Prefeitura. Nas mensagens, o secretário adota um tom autoritário diante de servidores públicos e utiliza expressões como:
– “Não estou numa democracia”,
– “Quem manda aqui sou eu”,
– “Peça para sair”,
– “Quem manda na Secom sou eu”.

Diante do conteúdo das mensagens, a reportagem entrou em contato com Alessandro Viana, que confirmou ter enviado as mensagens e afirmou que a discussão ocorreu com a repórter Fabiane Barbosa, que precisou deixar a Secom e hoje atua na comunicação da Secretaria Municipal de Segurança Institucional (SMSI). Ao ser questionado sobre o vazamento dos prints, Alessandro demonstrou preocupação em descobrir quem teria repassado o material à imprensa e mencionou o nome de uma funcionária da Secom e de seu esposo, sem qualquer prova. A identidade da fonte, no entanto, será preservada por esta reportagem, em cumprimento ao direito constitucional ao sigilo da fonte jornalística.

O conteúdo das mensagens revela uma conduta incompatível com o exercício da função pública. Alessandro se refere aos demais servidores com desprezo e impõe sua autoridade de forma unilateral, sem espaço para diálogo ou contraponto. Segundo o relato enviado à redação junto aos prints, Alessandro tem tratado seus subordinados “com autoritarismo e falta de respeito”, o que estaria gerando medo entre os profissionais da secretaria.

A denúncia chegou acompanhada de um texto em que a fonte, que pediu anonimato, afirma ter organizado os prints de maneira a relatar com clareza o que acontece nos bastidores da Secom.

A reportagem considera os fatos graves e reforça que, embora não haja registro formal na Polícia Civil ou no Ministério Público até o momento, por medo de retaliações, os servidores devem procurar os canais legais de denúncia. A Constituição Federal garante a todo trabalhador o direito a um ambiente de trabalho digno, e a prática de assédio moral pode configurar infração administrativa, civil e até penal.

Além das acusações de abuso verbal, a postura administrativa de Alessandro também levanta dúvidas sobre o uso dos recursos públicos. Segundo o próprio secretário, a nota de esclarecimento sobre o caso — que ainda não foi enviada até o fechamento desta matéria — seria redigida por uma das servidoras envolvidas diretamente na confusão. Caso isso se confirme, pode haver desvio de finalidade no uso da força de trabalho de servidores públicos, uma vez que se trata de um assunto de interesse particular do secretário, embora relacionado à sua atuação no cargo.

Alessandro Viana ocupa a chefia da comunicação institucional de um dos maiores municípios do interior do Pará, e seu papel é fundamental na interlocução entre o governo e a sociedade. Apesar disso, fontes internas da própria Secom afirmam que ele tem demonstrado falta de preparo técnico e concentrando suas ações na gestão de redes sociais pessoais, o chamado “Gabinete do Ódio”, de onde já partiram publicações que levaram inclusive à sua convocação pelo Legislativo Municipal.

Para efeitos desta matéria, Alessandro Viana é tratado como suspeito, em respeito ao princípio constitucional da presunção de inocência. Contudo, os registros obtidos e as confirmações prestadas pelo próprio secretário conferem materialidade suficiente para que o caso seja apurado pelas autoridades competentes, inclusive quanto à eventual prática de improbidade administrativa.

A redação segue aberta a manifestações e garantirá espaço para a publicação da nota de esclarecimento de Alessandro Viana, caso seja enviada. Até a última atualização deste texto, o documento ainda não havia sido recebido. Reportagem Portal Curupira Marabá

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