A abertura de uma comissão processante contra o prefeito de Marabá, Toni Cunha (PL), gerou uma série de desdobramentos que ampliaram a tensão entre os poderes Executivo e Legislativo no município. A Câmara Municipal aprovou a apuração de denúncias de supostas irregularidades na gestão, incluindo contratos na área da saúde, iluminação pública e a requisição administrativa de um hospital privado.

Um dia após a sessão que aprovou a investigação, o presidente da Câmara, Ilker Moraes (MDB), solicitou reforço policial à Secretaria de Segurança Pública do Estado, alegando preocupação com a segurança dos parlamentares. A medida foi justificada pelo comportamento do prefeito, que é delegado licenciado da Polícia Federal e costuma circular armado, o que aumentou o clima de apreensão entre os vereadores, especialmente os que integram a comissão processante.
A tensão também foi marcada por movimentações nos bastidores da votação. Segundo relatos, o chefe de gabinete do prefeito teria tentado convencer vereadores a recuar, o que foi interpretado como pressão indevida. Na manhã seguinte à sessão, uma viatura da Polícia Militar foi vista saindo da Câmara com documentos relacionados ao pedido de proteção e à investigação.
Ainda na terça-feira (10), foi publicada a exoneração da procuradora-geral do município, Josiane Kraus Mattei. Embora a exoneração tenha sido solicitada anteriormente, a coincidência da data gerou repercussão. Em nota, Josiane afirmou que sua saída se deu por motivos pessoais e que a decisão já havia sido comunicada ao prefeito, sem relação com a crise política. O adjunto Luiz Flávio Pamplona assumiu o cargo.
Os membros da comissão processante da CMM têm 90 dias para concluir o relatório que pode, ao final, recomendar a cassação do prefeito. Enquanto isso, cresce a pressão política sobre o governo e seus principais aliados.