Após denúncia, Toni Cunha admite que filho de Marcelo Alves (PT) está empregado na Prefeitura, mas silencia sobre filho de Priscila Veloso

29 maio

O prefeito de Marabá, Toni Cunha (PL), confirmou publicamente na noite desta quarta-feira (28) que Gustavo Lima Alves, filho do vereador Marcelo Alves (PT), está contratado pela Prefeitura como agente de conservação — cargo geralmente associado a atividades como varrição de ruas e limpeza urbana. Segundo o prefeito, Gustavo foi aprovado em um processo seletivo temporário realizado ainda na gestão anterior, e o contrato será respeitado até o fim.

A declaração foi feita por meio das redes sociais do prefeito, após o assunto repercutir nas páginas deste Portal Curupira Marabá e no consolidado Blog Marabá & Fatos. No entanto, apesar de estar oficialmente nomeado como gari, Gustavo não atua no setor de limpeza pública. Na prática, está lotado na Secretaria Municipal de Assistência Social (Seaspac), o que levanta questionamentos sobre a real função exercida por ele dentro da Prefeitura. Marcelo Alves ironizou a postagem de Toni Cunha alegando não ter entendido o motivo de o prefeito citar o vínculo de seu filho com o poder público.

Mas este nem de longe é o único caso desta natureza. Paulo Ricardo Veloso da Silva, filho da vereadora Priscila Veloso (PSD), também aparece na folha de pagamento do município como agente de conservação. Entretanto, não há qualquer registro de que ele esteja desempenhando as funções correspondentes ao cargo. Fontes internas da Prefeitura afirmam que ele não atua em serviços de rua e, segundo a própria vereadora, está “no apoio ao gabinete do prefeito”.

Em vídeo publicado em seu perfil, em colaboração com a mãe Priscila Veloso, Paulo Veloso tachou as denúncias que tratam da sua condição de contratado da Prefeitura de “fake news” e que estaria “desmascarando páginas de fofoca”. Até aí, nada demais, mas o rapaz apresentou como “argumentos” para “desmascarar” as páginas:

Bem, jovem padawan… sentimos informar, mas você não desmascarou nada com isso, aliás, apenas admitiu que as denúncias estão corretas ao apontarem que você está empregado na Prefeitura de Marabá no gabinete do prefeito, quando a função para a qual você foi aprovado, de fato, em processo seletivo do SERVIÇO DE SANEAMENTO AMBIENTAL DE MARABÁ, e não do GABINETE DO PREFEITO, é de AGENTE DE CONSERVAÇÃO, e não de assessor do prefeito. As duas funções, aparentemente, o jovem sequer exerce. Alô, Ministério Público do Pará e Tribunal de Contas dos Municípios!

O fato, inalterado, é que a prática de nomear filhos de vereadores para cargos operacionais, mas com atuação em funções administrativas ou de confiança, vem sendo vista por grande parcela da população e de servidores municipais como um flagrante desvio do objetivo do serviço público. O uso desses contratos temporários, formalmente legais, para beneficiar parentes de políticos enfraquece a transparência e a credibilidade do governo municipal.

Durante a campanha eleitoral, Toni Cunha prometeu combater privilégios, fortalecer a moralidade administrativa e romper com antigas práticas políticas. No entanto, ao manter contratos como os dos filhos dos vereadores — com cargos de fachada e possível uso indevido da estrutura pública — o governo se afasta do discurso inicial e se alinha a velhos padrões políticos, repetindo justamente o que dizia combater. O caso do filho da vereadora Priscila, que já ocupou cargo de chefia mesmo sem experiência comprovada e agora está nomeado como gari sem exercer tal função, ilustra o que muitos já classificam como apadrinhamento e uso político da máquina pública.

A ausência de explicações detalhadas por parte do prefeito sobre a real atuação desses servidores reforça as suspeitas de que as nomeações atendem mais a interesses políticos do que às necessidades da população. Com isso, cresce a pressão por mais transparência na ocupação de cargos públicos e pela revisão dos contratos que envolvem familiares de vereadores. Reportagem Portal Curupira Marabá

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